HISTÓRIA DO COOPERATIVISMO
A história da cooperação
A cooperação sempre existiu nas sociedades humanas, desde as eras mais remotas, estando sempre associada às lutas pela sobrevivência, às crises econômicas, políticas e sociais, bem como às mudanças. Os melhores exemplos da cooperação aparecem quando se estuda a organização social dos antigos povos como os babilônios, gregos, chineses, astecas, maias e incas. A cooperação econômica se fortaleceu no século XVI com P.C. Plockboy que idealizava a cooperação integral por classes de trabalhadores, e com John Bellers, que procurava organizar "Colônias Cooperativas" para produzir e comercializar seus produtos, na tentativa de eliminar o lucro que era apropriado pelos intermediários. O Cooperativismo moderno surgiu junto com a Revolução Industrial, | |
como forma de amenizar os traumas econômicos e sociais que assolavam a classe trabalhadora com suas mudanças e transformações. O processo de industrialização, na sua primeira etapa, fez com que os artesãos e trabalhadores rurais migrassem para as grandes cidades, atraídos pelas fábricas em busca de melhores condições de vida. Essa migração fez com que houvesse excesso de mão-de-obra, resultando na exploração do trabalhador de forma abusiva e desumana, submetendo-os a uma jornada de trabalho de até 16 horas/dia, e salários que não supriam as necessidades básicas dos trabalhadores. Mulheres e crianças eram obrigadas a ingressar no mercado de trabalho em condições mais cruéis que os homens, passando inclusive a ser exploradas nas minas de carvão... |
Plataforma cooperativista de Amstad sj.
 | "Com a carroça cheia e as animálias (animal de carga) carregadas do futuro de seu pesado trabalho e do resultado de muito suor, o colono se dirige à casa comercial, mas as bugigangas estrangeiras, que recebe em troca, para levar para casa, ele facilmente pode colocar debaixo do braço... Por isso a queixa, que hoje de ouve com freqüência. "Pelas nossas coisas nada recebemos, porém pelo que compramos devemos pagar o valor duplo e triplo!" Assim estareis de acordo contigo, se eu vos digo: "A dependência econômica, na qual atualmente nos encontramos em relação a outros países, é na verdade uma nova escravatura, que está ameaçando nosso país!" |
Como foi ponto de honra abolir a antiga escravatura, assim agora para o verdadeiro brasileiro constitui uma questão de brio afastar com mão firme esta nova escravatura do nosso Brasil. Devemos produzir mais, para exportar mais e importar menos, senão nos endividaremos sempre mais. Prefiramos produtos nacionais aos estrangeiros. Se uma grande pedra se atravessa no caminho e 20 pessoas querem passar, não o conseguirão, se um por um a procuram remover individualmente. Mas se as 20 pessoas se unem e fazem força ao mesmo tempo, sob a orientação de um deles, conseguirão solidariamente afastar a pedra e abrir o caminho para todos." (THEODOR AMSTAD, Conferência proferida na Associação dos Agricultores, Feliz, RS, fevereiro 1900). |
Os Tecelões de Rochdale
Em 21 de dezembro de 1844, em Toad-Lane (Beco do Sapo) um grupo de 28 tecelões da cidade de Rochdale, na região de Manchester, na Inglaterra, lançou no mundo a semente do sistema econômico do Cooperativismo. Um século e meio de experiência consagrou este sistema como o maior movimento de idéias já realizado na história da humanidade. Formavam este grupo de idealistas: 01. Benjamin Jordan - ajudou a alugar o armazém onde funcionava a Cooperativa. 02. Benjamin Rudman - tecelão e cartista. Retraído, mas firme e trabalhador. | |
03. Charles Howarth - operário de fábrica de algodão, era o "Arquimedes da Coope-ração". Autor dos estatutos rochdalianos e criador do princípio da distribuição de lucros na produção das contas. Foi o primeiro secretário da Cooperativa. 04. David Brooks - estampador e cartista, foi o primeiro encarregado das compras da Cooperativa. 05. George Healey - chapeleiro. 06. James Banford - um dos quatro conselheiros eleitos na primeira assembléia, em 13 de agosto de 1844. 07. James Daly - um dos que mais influíram no comitê de tecelões de flanela, em favor da criação da Cooperativa. Foi secretário na primeira administração da Cooperativa. 08. James Maden - tecelão da flanela, era um dos "adeptos da esperança". 09. James Manock - tecelão de flanelas e cartista, foi suplente várias vezes e conselheiro. 10. James Smithies - classificador de lãs e guarda-livros. Foi considerado o maior dos pioneiros. 11. James Standrind. 12. James Tweedale - fabricante de tamancos e socialista. Um dos primeiros conselheiros e 5º presidente da Cooperativa. 13. James Willkinson - ajudou a alugar o armazém onde funcionava a Cooperativa. 14. John Bent - alfaiate e socialista. Um dos primeiros integrantes do Conselho Fiscal. 15. John Collier - mecânico socialista. Exerceu a função de conselheiro da Cooperativa várias vezes. 16. John Garsid - marcineiro. 17. John Holt - foi o primeiro tesoureiro da Cooperativa. 18. John Hill. 19. John Kershaw - era guarda de armazém de uma mina de carvão. Também trabalhava como cartista. 20. John Sconcroft - vendedor ambulante. 21. Joseph Smith - separador de lã. Participou da reforma social. Integoru a primeira comissão de compras. 22. Miles Ashworth - tecelão de flanela e cartista, foi o primeiro presidente da Cooperativa de Rochdale. 23. Robert Taylor - organizador da venda de livros e revistas. 24. Samuel Ashworth - tecelão de flanela, foi o primeiro gerente da Cooperativa, cargo que ocupou por 22 anos. Deixou a Cooperativa com o expressivo número de 6 mil associados. 25. Samuel Tweedale - tecelão, foi o primeiro conferencista da Cooperativa. 26. Willian Cooper - tecelão de flanela e socialista. Foi o primeiro caixeiro da Cooperativa. 27. Willian Mallaleu - suplente do conselho reeleito na primeira assembléia. 28. Willian Taylor - tecelão, foi um dos primeiros a acreditar e a ingressar no movimento. Ana Tweedale foi a única mulher que apoiou o grupo, ajudando a conseguir o primeiro local onde funcionou a Cooperativa. A primeira mulher a ingressar como associada da cooperativa Pioneira, será Eliza Brierley, que é admitida em maio de 1846. |
PRINCÍPIOS
O que é Cooperativismo?
É a união de pessoas voltadas para um objetivo comum, sem visar lucro.
O cooperativismo, como o próprio nome já diz, tem como sua maior finalidade, libertar o homem do individualismo, através da cooperação entre seus associados, satisfazendo assim as suas necessidades.
Defende a reforma pacífica e gradual da coletividade e a solução dos problemas comuns através da união, auxílio mútuo e integração entre as pessoas. Busca a correção de desníveis e injustiças sociais com a repartição equitária e harmoniosa de bens e valores.
Princípios do cooperativismo
1 - Adesão livre e voluntária - Cooperativas são organizações voluntárias abertas para todas as pessoas aptas para usar seus serviços e dispostas a aceitar suas responsabilidades de sócio sem discriminação de gênero, social, racial, política ou religiosa.
2 - Controle democrático pelos sócios - as Cooperativas são organizações democráticas controladas por seus sócios, os quais participam ativamente no estabelecimento de suas políticas e nas tomadas de decisões. Homens e mulheres, eleitos pelos sócios, são responsáveis para com os sócios. Nas cooperativas singulares, os sócios têm igualdade na votação; as Cooperativas de outros graus são também organizadas de maneira democrática...
3 - Participação econômica dos sócios - os sócios contribuem eqüitativamente e controlam democraticamente o capital de sua Cooperativa. Parte desse capital é usualmente propriedade comum da Cooperativa para seu desenvolvimento. Usualmente os sócios recebem juros limitados sobre o capital, como condição de sociedade.Os sócios destinam as sobras para os seguintes propósitos: desenvolvimento das Cooperativas, apoio a outras atividades aprovadas pelos sócios, redistribuição das sobras, na proporção das operações.
4 - Autonomia e Independência - as Cooperativas são organizações autônomas de ajuda mútua. Entrando em acordo operacional com outras entidades, inclusive governamentais, ou recebendo capital de origem externa, elas devem fazer em termos que preservem o seu controle democrático pelos sócios e mantenham sua autonomia.
5 - Educação, treinamento, informações - as Cooperativas oferecem educação e treinamento para seus sócios, representantes eleitos, administradores e funcionários para que eles possam contribuir efetivamente para o seu desenvolvimento. Também informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes formadores de opinião sobre a natureza e os benefícios da cooperação.
6 - Cooperação entre cooperativas - as cooperativas atendem seus sócios mais efetivamente e fortalecem o movimento cooperativo trabalhando juntas, e de forma sistêmica, através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais, através de Federações, Centrais, Confederações etc.
7 - Preocupação com a comunidade - as Cooperativas trabalham pelo desenvolvimento sustentável de suas comunidades, através de políticas aprovadas pelos seus membros, assumindo um papel de responsabilidade social junto a suas comunidades onde estão inseridas.
SIMBOLOGIA
Os símbolos e a bandeira do cooperativismo
1- Símbolos
|  | Pinheiro - Antigamente era tido como símbolo da imortalidade e da fecundidade pela sua sobrevivência em terras menos férteis e pela facilidade na sua multiplicação. |
|  | Círculo - Representa a vida eterna, pois não tem horizonte final, nem começo, nem fim. |
|  | Verde - O verde escuro das árvores lembra o princípio vital na natureza. |
|  | Amarelo - O amarelo ouro simboliza o sol, fonte de energia e calor. |
|  | Assim nasceu o emblema do Cooperativismo: um círculo abraçando dois pinheiros, para indicar a união do movimento, a imortalidade de seus princípios, a fecundidade de seus ideais, a vitalidade de seus adeptos.Tudo isso marcado na trajetória ascendente dos pinheiros que se projetam para o alto, procurando subir cada vez mais. |
2- A bandeira
O Cooperativismo possui uma bandeira formada pelas sete cores do arco-íris, aprovada pela ACI em 1932, como símbolo de paz e esperança.
Cores da bandeira do Cooperativismo:
|  Cada uma das cores tem um significado próprio. |
| | Vermelho - coragem significado próprio. |
| | Alaranjado - visão de possibilidade do futuro. |
| | Amarelo - desafio em casa, família e comunidade. |
| | Verde - crescimento de ambos, individual (como pessoa) e dos cooperados. |
| | Azul - horizonte distante, a necessidade de ajudar os menos afortunados, unindo-os uns aos outros. |
| | Anil - pessimismo, lembrando a necessidade de ajudar a si próprio e aos outros através da cooperação. |
| | Violeta - beleza, calor humano e coleguismo. |